sexta-feira, agosto 14, 2009

Há ajustamento

Há ajustamento

Por Maurício de Oliveira

O ajustamento, nada mais seria do que o processo pelo qual tentamos nos moldar às situações que são impostas sejam elas desejadas ou não. No percurso que enfrentamos na busca pela nossa satisfação, no preenchimento do nosso vazio, ou na procura pela harmonia interior, deparamo-nos incontáveis vezes com momentos alegres e felizes, mas também com desgastantes e angustiantes situações. Sendo assim, o modo como nos adaptamos ou sofremos, é o que irá nos diferenciar dos demais.

A procura pela substituição dos prazeres que não poderíamos satisfazer, nos levaria a valorizar os que temos. Um exemplo disso seria quando nos encontrássemos despossuídos de valores financeiros para um passeio com a família, ou até uma simples comemoração íntima. Diante de tal quadro, em que por ventura nos sentiríamos obrigados a fazer algo para agradar a todos e conseqüentemente a nós mesmos, procuraríamos nos contentar com as lembranças dos momentos já vividos, ou se sonhos futuros que iríamos realizar, ou seja, ao depararmo-nos com problemas simples, passamos a acreditar que aquilo é momentâneo, é passageiro e que a crença e a esperança devem se manter inabaladas. Em muitas situações nem sempre o uso da razão se faria presente, deixando então que a emoção e o sentimentalismo falassem mais alto.

A vida do ser humano é cheia de contrastes, e acredito que ele não conseguiria viver sem seus problemas e suas barreiras pessoais ou sociais. Especulo que apenas os que não têm mais o prazer de se encontrar vivos neste mundo, é que não possuiriam mais problemas.

Como sujeito social, também possuo meus conflitos, os quais vez por outra me desgastam enormemente. Sinto-me fraco em muitas ocasiões e nem sempre os meus desejos - que poderíamos chamar de primários – seriam satisfeitos. Até aí tudo bem, pois não poderíamos realizar todos os nossos sonhos, contudo, há instantes em que o abatimento tomaria conta de mim, distanciando-me de minhas bases, lançando-me contra meus princípios de uso da razão, dentre outras coisas... liberando-me após alguns momentos de angústia.

A tentativa de acomodação nem sempre seria bem vinda, o que poderia nos levar a perdas emocionais muito grandes, e no combate direto, há um preço que nem sempre estaríamos dispostos a pagar. Com isso passaríamos então a nos satisfazermos como pudermos, todavia, como pessoas dotadas de subjetividades, nem sempre nos sentiríamos completos.

As alegrias que vivemos, e muitas outras que talvez nem saibamos precisar exatamente, também seriam compartilhadas com as muitas e muitas amizades que fariam parte de nossa existência, ou seja, aquelas com quem mais conviveríamos socialmente. Porém, as decepções também estariam atreladas a elas, assim como também em grande parte aos nossos amigos e familiares. Mas compreenderíamos que nosso meio social, os nossos entes queridos, nossos amigos e todos os outros, nos ajudariam a nos formar, a nos construir.

Acho que todos têm muito para viver e oferecer, inclusive para nós mesmos, e a convivência faz com que passemos a aprender e exigir melhor, seja dos outros ou de nós mesmos.

O tempo, a convivência e as exigências de nosso meio nos moldam, às vezes sem percebermos...