domingo, julho 24, 2005


A Noite

Por Maurício de Oliveira

Ela nos fascina, pois pode acontecer de tudo. De um simples silêncio misterioso, ao canto de um grilo isolado.

Nela o nosso olhar se sobressai quando brilha, e um sorriso muitas vezes tem um significado indefinido, podendo nos cativar, mas ao mesmo tempo nos desperta confusas interrogações.

Assim é a noite, linda como só ela pode ser. Que ao mesmo instante que traz alegria, também traz medo, suspense e dúvida.

A claridade da luz artificial desafia a escuridão noturna, onde as estrelas e a lua estão escondidas nas nuvens, procurando seus pares com intenções libidinosas, assim como nós fazemos, ao apagar tudo, ou então deixamos um pequeno facho de luz colorida, para dar mais charme ao encontro de corpos.

A noite é parceira dos sonhos e ilusões, onde flutuamos com nossas mentes sem compreender muito o por que, mas sempre a procura de algo. Desejos outrora reprimidos vêm à tona quando sem entender, imagens são criadas em nossos sonhos, delírios vividos ou não, são reprisados de inúmeras maneiras. Incontáveis e inesquecíveis histórias ou estórias são rodadas em nosso cinema particular, aquele que pertence somente a cada um. E satisfazem muitas vezes aos anseios que a nossa mente precisava.

A noite nos proporciona fantásticas situações de prazer, sejam elas sexuais ou não. Na ausência de luz, imagens são criadas em nossa mente, e as formas magníficas dos corpos, são percebidas com nossos toques sutis de desejo. Verdadeiros monumentos físicos são apalpados com nossas mãos, o nosso olfato sente cheiro de prazer. Os nossos lábios se sentem incontroláveis, e também querem perceber de que são feitos tais dádivas torneadas.

A noite nos confunde, porque não sabemos se o que estamos vivendo vai se acabar, quando os raios de sol furarem o bloqueio do silêncio e da escuridão. E se os movimentos praticados vão poder se repetir durante a noite seguinte.

Mas é sempre assim, cada noite é única. E não importa o que aconteça, sempre vai haver mais uma noite.

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